Evite intervenções que são clinicamente desnecessárias. E, quando necessário, você decide após ser informada.
Práticas “rotineiras” (infusão venosa [soro para acelerar o parto], monitoramento fetal eletrônico contínuo [com fios], analgesia epidural, jejum, etc) têm o potencial de interferir negativamente com a progressão do parto e do nascimento e criar complicações.
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
– relacionar a frequência, intensidade e duração das contrações com o processo de apagamento e dilatação do colo uterino e respectiva fase do trabalho de parto.
– explicar com suas palavras o plano do trabalho de parto sem dor, ativo e natural, com o máximo possível no conforto do lar e no seu espaço de autonomia plena, evitando a exposição precoce às intervenções restritivas impostas pelas instituições e profissionais.
Conteúdo do módulo
a hora de ir para a maternidade & a campanha: “Não, obrigado!”
Conhecimento é muito poder!
os seus frutos lhe empodera. Estude!
Segundo Lothian (2009), em muitos hospitais as mulheres recebem rotineiramente uma infusão endovenosa, um monitoramento fetal eletrônico com fios(!!) e analgesia epidural. Muitas instituições também restringem alimentação e ingestão de líquidos no trabalho de parto. Cada uma destas práticas tem o potencial de interferir com o processo do parto e criar complicações.
Não sejamos ingênuas(os), no interior das “rotinas” reside o poder da instituição de saúde. Portanto, durante o pré-natal discuta exaustivamente com seu profissional de saúde suas preferências e seu plano de parto. Ao dar entrada na maternidade, converse novamente com os(as) médicos(as) (obstetra e neonatologista) a respeito de suas preferências e decisão. Cabe a quem lhe acompanha atuar em sua defensoria.
Lothian, JA Safe, healthy birth: what every pregnant woman needs to know. The Journal of Perinatal Education, 18(3): 48-53,2009
Com os conhecimentos adquiridos com este curso, no caso de quererem lhe impor um procedimento sem sua concordância, você será capaz de dizer:
Teste o(a) obstetra
No pré-natal, teste seu/sua obstetra
Faça a seguinte pergunta a seu/sua obstetra:
– Quais intervenções no parto você considera essenciais?
Se o(a) profissional conhece e aplica as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e as evidências científicas, a resposta dele(a) será:
“Eu uso as intervenções apenas em raros casos, até porque a maioria delas podem ter efeitos colaterais indesejáveis. A natureza pensou em tudo, para a grande maioria das pessoas gestantes.”
Monitoramento eletrônico fetal contínuo: nem tudo que parece moderno tem evidência científica que sustente.
Isso não quer dizer que não se deve avaliar os batimentos cardíacos do seu bebê durante o trabalho de parto.
Sem restringir seus movimentos e posicionamentos, a recomendação é o monitoramento intermitente a cada 15 minutos durante o trabalho de parto ativo e a cada 5 minutos durante o segundo estágio (expulsivo).
Isso reduz dramaticamente o risco de nascimentos cirúrgicos.
Há também o Sensor Wireless para Monitoramento do Trabalho de Parto, inclusive remoto.
Seja com ultrassom portátil, seja com bom e velho estetoscópio de Pinard (fig. menor), seja com o monitoramento wireless, o monitoramento intermitente dos batimentos do coração do seu bebê vai permitir que você se mantenha ativa durante o trabalho de parto.
Episiotomia
Episiotomia é um corte realizado entre a vagina e o ânus, que supostamente, deveria ajudar a mulher a não ter uma laceração e facilitar a passagem do bebê.
Quando não é feita a episiotomia no parto vaginal, existe a possibilidade de acontecer a laceração espontânea de primeiro grau, ou seja, apenas lesão de pele e mucosa, que é de 40% dos casos, ou de segundo grau, lesão de músculos, que é de 16% dos casos. A laceração, se acontece, ocorre em tecidos menos inervados, sendo de cicatrização muito mais simples e menos dolorosa.
Uma laceração espontânea é não se compara a um corte cirúrgico! Afinal, episiotomia é um corte cirúrgico através de vasos sanguíneos, feixes nervosos, músculos e mucosas. Além disso, precisa de 15 a 20 pontos para fechar. É desnecessária e dolorosa. Como todo procedimento, envolve conseqüências imediatas ou tardias (aumento da hemorragia e infecção, flacidez do períneo, corte inadvertido do reto e ânus, etc), sem ter eficácia e real necessidade.
Mesmo só tendo desvantagem e nenhuma base científica de sustentação, considerando ainda que você tem 60% de chances de não ter uma laceração nenhuma, e 84% de não ter laceração grau 2, a episiotomia tornou-se um procedimento rotineiro, realizado, sem o consentimento da pessoa parturiente.
O que você pode fazer para prevenir a episiotomia:
- Discutir o plano de parto com o(a) obstetra no pré-natal enfatizando a sua recusa quanto à episiotomia.