1a Prática saudável de parto II

O parto pode ser comparado a correr uma maratona, ou seja, fazer uma corrida de 42,2 Km.

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A criança irá nascer, estando você preparada ou não. Também é possível você correr uma maratona de 42 Km sem treinamento prévio. Sem preparação, tanto a corrida quanto o trabalho de parto acontecem com muito sofrimento e desconforto. A escolha é sua:

Com desconforto ou sem desconforto?

Está fazendo este curso é porque escolheu sem desconforto! Afinal, o trabalho de parto dura muitas horas. E você pode escolher que seu trabalho de parto será com autocontrole. Para isso é preciso treino, muito treino. Vamos lhe ajudar nesta empreitada!

Não existe escolha com autonomia sem informação baseada em ciência

O medo do parto surge do temor à dor e às histórias mal – sucedidas ou inventadas que são repassadas indefinidamente.

A ciência comprova que a mulher informada sobre o trabalho de parto e parto pode tomar decisões seguras e saudáveis.

Tanto científicas quanto comprovadas são as várias alternativas criadas e testadas para reduzir o desconforto durante as contrações, tais como: massagens, exercícios, posições confortáveis etc.

Você, portanto, precisa de informação para não ficar apegada(o) ao medo, bem como de treinamento de algumas atividades para condicionar o seu corpo e sua mente para atuar com tranquilidade no período de nascimento de seu bebê. 

 Esta é uma das lições que formam o seu “manual para o parto” e lhe prepara para o que você irá vivenciar. O processo do parto foi dividido em estágios para descrever as mudanças típicas de que acontecem conforme o trabalho de parto progride.

Obviamente, você irá passar de um estágio a outro sem nem perceber e mesmo que cada mulher, cada trabalho de parto e cada parto sejam únicos, o processo é quase sempre constante, desde que o mundo é mundo.     

Uma história para servir de exemplo…

  

“Vera e Jorge – houve a compra e a leitura de livros relacionados com a gestação. Vera evitou as histórias relatadas pelas amigas, recusando as narrativas fantasiosas. Ambos frequentaram cursos para gestantes, visitaram o hospital, e ela praticou todos os exercícios orientados durante as aulas preparatórias. Vera se sentiu confiante e compreendeu todos os momentos da gestação e do parto e as orientações prescritas pelo médico. A história termina com Vera em bom estado físico e se sentindo exultante, “às mil maravilhas” com sua criança.”
Fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702019000100053#B15

O que podemos extrair da história de Vera e Jorge acima? Segue a minha resposta:

O curso para o parto pode ajudar a pessoa gestante a tornar mais simples a gestação e o nascimento, além de ser um recurso para a entender como o trabalho de parto, o parto e o aleitamento podem influenciar a saúde e a segurança das mães e dos bebês.

Fase latente

O que acontece na fase latente:

* o colo do útero está se preparando para o trabalho de parto, com contrações e dilatações de até cinco centímetros.
* o tampão mucoso cai

* contrações são regulares, intensas e podem ser desconfortáveis que as contrações “de treinamento” Braxton Hicks.
* pode durar de 12 a 14 horas (em pessoas de primeira vez)

Quais medidas podem lhe ser úteis nesta fase?

• Movimentos livres, posições de alívio e empoderamento, banho quente, massagens, se alimentar bem e o consumo de alimentos energéticos e saudáveis.
• Relaxamento corporal durante a contração
• Respiração lenta e profunda entre as contrações e respiração superficial durante cada contração

Fase ativa

Na fase ativa, as contrações caracterizam-se pela regularidade, intensidade e aumento progressivo da frequência.
O que acontece na fase ativa:
* suas contrações serão provavelmente fortes e freqüentes
* o colo do útero começa a dilatar e contrair com mais rapidez, abrindo para até 8 centímetros.
* contrações acontecem a cada 6 ou 5 minutos com duração de 40 a 60 segundos, e são muito mais intensas. Provavelmente o colo está em torno de 4 cm de dilatação.

“hora de ir para a maternidade 5 em 5 min”>
* pode durar de duas até seis horas.
* você toma consciência de que o trabalho intenso vai começar.

Quais medidas lhe são úteis na fase ativa?

• No momento em que as contrações acontecem de 5 em 5 minutos, pegar minha mala e ir para a Casa de Parto ou maternidade, tranquilamente .
• Durante a contração, fazer algo ativo: respirar (no padrão superficial, tipo cansada) e/ou movimentar-me. Entre uma contração e outra: respirar profundamente, relaxar, descansar.
•  Garantir um(a) ótimo(a) acompanhante que focalize a atenção em mim.

Fase de transição

O que acontece na fase de transição
* contrações duram uma média de 60 a 90 segundos e ocorrem a cada 2 ou 3 minutos. Não se assuste. Este estágio é muito mais rápido durando menos de 1 hora.
* o colo do útero dilata de oito a dez centímetros

* você sentirá as fortemente as contrações, um sentimento de desespero acompanhado de um desejo involuntário de empurrar (desculpe a expressão “como se fosse uma forte diarréia”, mas nada descreve melhor), é o “puxo”, uma vontade enorme e incontrolável de empurrar o bebê para nascer. Os puxos começam quando o bebê já desceu tanto no canal de parto que “esbarra” nuns nervos que deflagram a necessidade de fazer a prensa abdominal.

Quais medidas podem lhe ajudar?

 

• Ignorar o sentimento de “desespero ou perda do controle”, concentrando-se em cada (fortíssima) contração por vez (é muito provável que neste momento o colo esteja com 10 cm de dilatação). 
•  Intensificar a respiração superficial (sopro [Fu!]) durante a forte contração, vocalizar (pode gritar à vontade!!!) e fazer movimento rítmico na bola ou cavalinho
• Descansar entre as contrações ainda que este período seja de 2 minutos, isto lhe ajudará a se recompor. Hidratar-se também!

Período expulsivo

“posições no período expulsivo”

O colo do útero chegou a dez centímetros de dilatação. Inicia o período expulsivo que pode demorar muitos minutos ainda para o bebê “coroar”, isto é, nascer.
Imediatamente próximo aos 10 cm de dilatação, muda a característica da contração. Você pode sentir “puxos”, isto é, uma vontade enorme de fazer força como se fosse evacuar (e até mesmo vai para o banheiro elimina fezes ou tenta).

Logo depois deste desejo desesperador de “evacuar”, a característica da contração muda totalmente. Não há mais desconforto e você volta a se sentir no controle, empoderada(o). Além disso, as contrações agora são mais espaçadas também de 1 a 2 min. 

A imagem acima mostra algumas das muitas posições que você pode assumir para ajudar no nascimento de sua criança. Você deve ter liberdade para escolher a que mais lhe dá conforto. 

Quais medidas são importantes no período expulsivo?

• Descansar ou relaxar entre as contrações que agora são mais espaçadas de 1 a 2 min, inspirando e expirando profundamente para recuperar-me rapidamente do esforço.
• Buscar uma posição que facilite o parto
• No início da contração, inspirar, reter a respiração,encostando o queixo ao peito e contraindo energicamente os músculos abdominais, de modo a relaxar o períneo e ajudar na expulsão do bebê.

Dequitação

Quando o bebê já nasceu, a placenta deve ser naturalmente expulsa (últimas contrações praticamente imperceptíveis) e o seu corpo começa a se recuperar.

O que acontece:
* a primeira mamada do bebê ainda na sala de parto
* o cordão umbilical é cortado (preferencialmente pelo pai) após deixar de pulsar
* o bebê é seco e colocado sobre sua barriga para conhecimento e alegria mútuos.
* a placenta deve ser expulsa (dequitação) naturalmente. Depois que o bebê nasce, as contrações voltam após alguns minutos e continuam em intervalos de cinco minutos, mas com muito menos intensidade. Essas contrações fazem com que a placenta se separe do útero, permitindo que ela e todas as membranas ao redor sejam totalmente retiradas. O(a) médico(a) ou parteira a examina para ter certeza de que esteja intacta e continuará a verificar se o útero está se contraindo apropriadamente para poder conter a hemorragia no local onde a placenta estava fixada. A liberação da placenta pode durar de 5 a 30 minutos.
* seu útero contrai graças à oxitocina (hormônio [do amor] liberado pelas contrações do trabalho de parto) e à presença do bebê, bem como pela amamentação
* você poderá tremer devido à adrenalina (hormônio liberado pelas glândulas supra-renais energizando você para cuidar de sua criança) e aos ajustes que seu corpo começa a fazer logo após o nascimento
* você vai declarar além do nome, a raça/cor do seu bebê (branco, preto, pardo, amarelo ou indígena)

“declaração de nascido vivo”>

Quais medidas ajudam nesta fase?

• Tocar e beijar o seu bebê, mantendo o contato pele-com-pele, sem restrição de tempo
•  Iniciar a primeira amamentação o que ajuda a contrair meu útero e prevenir hemorragia e a imunizar meu bebê
• Solicitar ao neonatologista para fazer todos os procedimentos de rotina com o bebê ao seu lado. Procedimentos como medir, pesar e instilar medicamento oftálmico podem ser feitos mais tarde.
• E declarar a cor/raça do bebê, bem como a sua.