O desafio apresentado anteriormente (Cruz, 2023) continua: como desenvolver competências profissionais que propiciem a formação da equipe profissional como foco na pessoa, família e população para um Sistema Único de Saúde (SUS) melhor?

Igualmente permanece como situação problema a não institucionalização da interprofissionalidade na formação em saúde. Enquanto isso não se resolve, por nossa iniciativa, mantemos em cada semestre letivo, sempre que possível, uma experiência de prática interprofissional.

No momento está em curso uma Oficina Interprofissional de Saúde. Portanto, descrevo aqui a primeira parte da experiência realizada em 04/05/2023, como parte da disciplina Diversidades, Equidade e Cuidados de Saúde (DECS). A segunda parte deverá acontecer em 11/05.

Inspiradas(os) no trabalho de van Diggele et al (2021), estabelecemos como objetivos de aprendizagem:
* Entender a contribuição de uma gama de diferentes profissões de saúde no atendimento das
complexas necessidades do(a) paciente
* Integrar e priorizar as principais contribuições das diferentes profissões de saúde em
um plano de terapêutico do(a)paciente
* Aplicar uma abordagem colaborativa, com as diferentes profissões da saúde, para
resolução criativa de um desafio.

Este ano são 2 tardes nas quais este laboratório de prática de DECS e demais disciplinas da UFF vai, no nosso entendimento, propiciar a(o) estudante entender os papéis da(o) enfermeira(o) na equipe interprofissional (com estudantes de Medicina, Nutrição, Odontologia e Psicologia) quanto ao cuidado de saúde da pessoa em sua diversidade.

No que se refere à Enfermagem, uma vez que o(a) paciente é o foco da atenção à saúde, na equipe interprofissional a(o) enfermeira (1) participa da reunião interdisciplinar sobre o caso clínico, bem como no (2) planejamento colaborativo do plano de cuidados que, sempre quando possível, deve (2a) incluir a pessoa e a família. O plano pode/deve (2b) incluir a educação em saúde de pacientes. A atuação na (3) defensoria do(a) paciente é também seu papel e compromisso com a clínica de direitos humanos em saúde. Pode fazer parte do trabalho a (4) orientação do(a) paciente e família pelas unidades do sistema de saúde, assim como (5) encaminhamentos necessários no SUS ou outros setores da rede pública. Um papel fundamental dentro da equipe é a (6) garantia da continuidade dos cuidados de saúde à pessoa; igualmente (7) realizar em equipe avaliação dos resultados do(a) paciente.

Cabe ressaltar que neste laboratório de prática que é a Oficina Interprofissional de Saúde, a(o) estudante iniciará o desenvolvimento do profissionalismo interprofissional, ou seja, entender quais são os valores fundamentais de um trabalho colaborativo em equipe, tais como: escuta ativa, ética, respeito mútuo, responsabilidade compartilhada no resultado de saúde e bem-estar em pessoas, famílias e populações. Uma experiência inovadora e necessária na formação em saúde!

Andrea Neiva (Odonto); Eduardo Torres (Medicina); Eliana Gabbay (Medicina); Isabel Cruz (Enfermagem); Kátia Aires (Nutrição); Luiz Montenegro (Medicina); Manuelle Matias (Medicina); Marilene Nascimento (Medicina); Michelle Teixeira (Odontologia); Moema Motta (Medicina); Mônica de Rezende (Medicina); Paula Land (Psicologia); Sonia Leitão (Medicina). Parte da equipe:  Camilla Carvalho (Nutrição).

A Oficina contou com a participação de 137 estudantes, formando 23 equipes, trabalhando colaborativamente um estudo de caso.

Orientações gerais sobre a Oficina Interprofissional de Saúde.

Uma sala virtual no Classroom (csmzw7k) foi criada exclusivamente para dar suporte a doentes e estudantes. No gráfico a seguir uma avaliação dos(as) estudantes sobre a Oficina seu potencial de melhorar os resultados com o trabalho interprofissional:

Pergunta no Classroom

Para o dia 11, está prevista uma Sessão Poster quando cada equipe colocará em exposição seu plano interprofissional e discutirá o caso com os(as) participantes. Em seguida, realizaremos o debriefing da atividade.

Para o momento, a expectativa recai sobre a capacidade de as equipes trabalharem colaborativamente (comunicação assertiva, resolução de conflitos, etc) do que propriamente avançar na clínica do caso. De qualquer modo, pelo que testemunhei com estudantes e docentes, a experiência além de inovadora é igualmente gratificante.

Bibliografia de interesse

Cruz, Isabel. Oficina Interprofissional de Saúde: construindo uma experiência de prática. NEPAE/UFF. Niterói, 07/05/2023. Disponível em https://nepae.uff.br/?p=2630

van Diggele, C., Roberts, C. & Haq, I. Optimising student-led interprofessional learning across eleven health disciplines. BMC Med Educ 21, 157 (2021). https://bmcmededuc.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12909-021-02527-9

van Diggele, C., Roberts, C., Burgess, A. et al. Interprofessional education: tips for design and implementation. BMC Med Educ 20 (Suppl 2), 455 (2020). https://doi.org/10.1186/s12909-020-02286-z

Como citar:

Cruz, Isabel. Oficina Interprofissional de Saúde: desenvolvendo uma experiência de prática clínica (parte 1). NEPAE/UFF. Niterói, 07/05/2023. Disponível em https://nepae.uff.br/?p=2620

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